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     13/05/2024            
 
 
    

O cultivo consorciado do coqueiro com outras culturas constitui-se numa prática bastante utilizada, principalmente por pequenos produtores de coco, como alternativa de receita durante o período que antecede o início de produção dos coqueiros. Além de reduzir os custos de produção, o cultivo consorciado aumenta a eficiência de uso do solo, proporcionando ainda maior aproveitamento da adubação e reciclagem de nutrientes.

Embora seja considerada uma prática frequentemente adotada principalmente por pequenos produtores, na maioria dos casos, a produção obtida com as culturas consorciadas apresenta baixo rendimento em decorrência da não utilização das práticas culturais recomendadas e dos problemas relacionados com as propriedades físicas e químicas dos solos arenosos onde predomina o cultivo do coqueiro da variedade gigante, que se concentra ao longo da faixa litorânea do Nordeste do Brasil. Uma alternativa a ser utilizada, principalmente por pequenos produtores, seria a utilização de maiores espaçamentos adotando-se o plantio em quadrado, permitindo assim a utilização do consórcio com culturas alimentares nas entrelinhas por maior período de tempo. A despeito de reduzir em 15% o número de coqueiros por área de plantio em relação ao sistema em triângulo, o plantio em quadrado aumenta substancialmente o espaço disponível e a luminosidade nas entrelinhas dos coqueiros, viabilizando assim a consorciação durante quase todo o seu ciclo produtivo, condição esta da maior importância para pequenos produtores que apresentam limitação de área de plantio.


Deve-se considerar, neste caso, a necessidade de introdução de leguminosas ao sistema, com o objetivo de proporcionar aumento da fixação biológica de nitrogênio e da matéria orgânica do solo e consequentemente a melhoria das suas propriedades físicas, químicas e biológicas. A Gliricidia sepium se destaca entre aquelas com grande potencial de exploração, sendo considerada como uma espécie perene de porte arbustivo e de múltiplo uso, uma vez que além de ser utilizada como adubação verde, serve como banco de proteínas para ruminantes como também como cerca viva forrageira.

De acordo com resultados preliminares obtidos pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, o plantio da gliricídia na linha de plantio dos coqueiros em solo do tipo Neossolo Quartzarênico, típico da baixada litorânea, apresenta muito bom comportamento, a despeito das suas características desfavoráveis em relação à fertilidade e retenção de água. Nesta experiência, foi utilizado o coqueiro híbrido, resultante do cruzamento das variedades Gigante com o Anão Verde do Brasil, utilizando-se espaçamento em quadrado com 10 m de lado, sendo as mudas de gliricídia implantadas na linha de plantio dos coqueiros com uma distância de 1m entre plantas, mantendo-se livre um raio de 2 m para cada coqueiro. Estas plantas foram mantidas com cobertura morta permanente ocupando aproximadamente uma faixa de 1m de largura ao longo da linha de plantio dos coqueiros, com o objetivo de aumentar a conservação de água no solo.

Durante o período de maior déficit hídrico, utilizou-se irrigação de salvação aplicando-se em média 40 l de água / coqueiro duas vezes por semana.  Nas entrelinhas, foram implantadas as culturas da mandioca, milho e feijão de corda. Em função do bom desempenho obtido com a gliricídia nos dois primeiros anos de plantio, foi introduzida, a partir do segundo ano, outra linha de plantas desta espécie no centro da entrelinha dos coqueiros, mantendo-se o mesmo espaçamento de 1m. O objetivo final é aumentar a quantidade de produção de biomassa a ser incorporada ao solo a partir da gliricídia, possibilitando assim melhor condição de cultivo para as culturas consorciadas.

No caso do trabalho em questão, optou-se por utilizar o sistema agroecológico de produção, sendo os coqueiros e as culturas consorciadas adubadas com composto orgânico obtido a partir da compostagem com resíduos vegetais, esterco, fosfato de rocha e biogel, ou utilizando-se a compostagem laminar intercalando-se palhada esterco e palhada na zona de coroamento do coqueiro. O produto obtido foi utilizado para adubação das plantas sem a utilização de fertilizantes e/ou outros produtos químicos.

Nos dois sistemas, os coqueiros foram adubados duas vezes ao ano, utilizando-se inicialmente uma dose de 2 kg e atualmente 4 kg de composto orgânico ou esterco / planta. O primeiro corte da gliricídia foi realizado com aproximadamente dois anos após o plantio, sendo a biomassa produzida utilizada como adubação verde dos coqueiros, distribuída na zona de coroamento perfazendo um total de 10 kg / planta.

De acordo com avaliações quadrimestrais realizadas durante os dois primeiros anos, o crescimento dos coqueiros avaliado através do número de folhas vivas e emitidas, número de folíolos da folha número 3 e circunferência do coleto, pode ser considerado acima do esperado. Neste período, não se constatou a ocorrência de problemas fitossanitários mais graves que viessem a comprometer o desenvolvimento dos mesmos. Com relação ao estado nutricional, a despeito dos teores mais baixos de nutrientes nas folhas em relação aos seus respectivos níveis críticos, os coqueiros não apresentam até o momento sintomatologia de deficiência. Há necessidade, no entanto, de se buscar fontes alternativas de nutrientes, principalmente em relação ao potássio, tendo em vista que com o início de produção, aumentam substancialmente os requerimentos deste elemento pela planta.

Embora os resultados apresentados devam ser considerados como preliminares, a utilização deste sistema em um programa de renovação do coqueiro gigante no Brasil poderá constituir-se numa alternativa para implantação de um modelo sustentável de produção, indicada principalmente para atender às necessidades do pequeno produtor de coco.

 

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David Marques da Silva
12/04/2011 - 07:15
muito bom!muito interessante esta materia,tem como colocar umas fotos?

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1 comentário

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